Qual o nome do seu pai? Sua mãe mora com uma mulher? Seu pai tá morto? Quantas mães você tem? Talvez o meu amor por crianças venha da infância, foram tantas as perguntas que eu respondia com mentiras e que, graças a Deus, ao crescer vi que passei por uma simples fase. Cresci em uma casa sem preconceitos, com humor e boa educação. Sou uma vitória para alguns desconhecidos, e só me dei conta disso após passar por vários tipos de preconceito. O que é que tem duas pessoas se amarem? Por que elas não podem ser do mesmo sexo?
Esse é o valor que grito, mas o que defendo é o geral. Sou católica, acredito em Deus e em que Ele queira o melhor para todos. Minhas opções são independentes das escolhas que minhas mães fizeram. Não posso pedir o respeito de todos, mesmo tendo aprendido a respeitar protestantes que repudiam homossexuais e homossexuais que repudiam protestantes. Eu trato todos como pessoas. Não me importo com cor, religião e sexo. Não evito ninguém e sou totalmente feliz em relação a isso. E sou grata a minha educação.
Passei por fases que alguns nunca passaram, mas sei que nunca passei por fases que alguns passaram. Ou seja: não sou melhor que ninguém e ninguém é melhor do que eu. Se defendo os meus valores, outras pessoas também defendem os delas. Se alguém quer me evitar porque sou filha adotiva de homossexuais, eu respeito. Isso já não me magoa mais, pois conheci pessoas no mundo como eu, que respeitam a todos sem julga-los ou enquadra-los em um meio.
Maria Bethânia Neto de Medeiros Vaz
